segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os mortos não falam

Uma lampada e uma orelha decepada
Dois casos de homofobia explícita ganharam cobertura jornalística enorme no Brasil nos últimos seis meses: as agressões da Paulista com uma lâmpada e, mais recentemente, a agressão a um homem heterossexual confundido com um gay ao abraçar seu filho de 18 anos em São João da Boa Vista. E aqui não me interessa muito se o cara é hétero ou não, importa que ele foi agredido porque o agressor achou que ele era gay.

Em comum, ambos os casos são de uma violência gratuita e aterrorizante. Ambos ganharam destaque na grande imprensa. Nesta terça-feira, 19, o jornalismo da Rede Globo, primeira emissora a noticiar o caso de São João da Boa Vista, abriu seu Bom Dia Brasil com a notícia de que o Brasil é o país onde mais se mata homossexuais no mundo. O caso da lâmpada também ganhou notoriedade nacional. Exibir esses casos e tratá-los com a perplexidade que pedem força a opinião pública a ficar ao lado de uma lei anti-homofobia.

Tanto no caso das lâmpadas como no caso da orelha decepada, os agressores sofreram inquérito por agressão corporal e os agressos foram liberados. Se existisse uma lei que penalizasse a homofobia, não seria assim.

Fico pensando e não consigo chegar a uma conclusão: porque algumas lideranças evangélicas são tão contrários a uma lei que puna crimes homofóbicos? O que eles querem? Que se matem gays pelo simples fato de serem gays e que esses criminosos respondam como crime comum, sem agravantes? E impossível não perguntar: que ódio é esse que motiva quem é contra uma lei que tipifique crimes homofóbicos? Querem que nos matem e que ainda fiquem impunes?

Os mortos não falam
Leitor me pergunta: "Por que crimes homofóbicos que resultam em morte dão menos repercussão no Brasil que as agressões graves mas que os agredidos saem vivos?"

Simples: a imprensa precisa de de personagens, de vídeos, de envolvidos, de histórias. E mortos, como sabemos, não falam.